Há poucos dias , um amigo de Santa Rosa, o coloradíssimo Fernando Silveira escreveu um bonito texto sobre o seu primeiro trabalho remunerado, como estagiário do Banco do Brasil em Santa Rosa. Lembro bem dos guris com seus uniformes azuis, Fernando, João "FOTHER" Vagner, César Carpenedo, Alexandre Klein e assim vai. O texto foi publicado no blog da Ana Claudia Milani e fui obbrigado a fazer um comentário pois era muito bem escrito e prazeroso de ler.
Pois bem, a Ana me propôs a mesma tarefa. Escrevi e boto aqui o link relativo ao blog dela, e também o texto de meus primeiros pilas.
Santa Rosa, algum tempo lá entre
1975 e 19882/3
Quase um desafio, pensar no meu
primeiro trabalho remunerado, mas vamos lá.
Vim da cidade que mais tem terra
vermelha do mundo, Santa Rosa. Costumo dizer que o mundo é um pedacinho de chão
ao redor de Santa Rosa.
Passei uma infância/
adolescência feliz. Filho de dois médicos da cidade sempre fui estimulado a
estudar, e fazer algum esporte. Podia escolher desde que fizesse algum esporte.
Meu pai sempre foi um empreendedor
e era um sujeito rigoroso na mesma medida que carinhoso com o filho . A mãe era o algodão entre os
cristais quando esses dessem alguma problema.
Aos 12 anos virei atleta de
natação, mas também joguei volei, fui um bom goleiro de handebol e futebol de
campo e assim era a vida por lá. Digo lá mas o certo seria lããã, porque ser uma
cidade tão especial tem que ter dificuldades pra chegar , entao é longe, bem
longe.
Quando eu tinha uns 13 anos
fomos a Santa Catarina para as ferias de verão e eu sempre tinha uma
admiração/curiosidade pelos artesãos que vendiam suas coisas na beira da praia.
Na época eram chamados hippies, seja lá o que isso tivesse a ver com o
artesanato. Nessa ida, fiz amizade com um dos “hippies”, o Renato. Lembro o
nome até hoje pois isso teve importância em minha vida. Todas as noites eu ia
na “banca” dele e ele me ensinava algo em relação aquela arte. Não sei o que o
pai e a mãe achavam disso, mas nunca me proibiram . Foram 20 dias de
aprendizado.
Na volta, encomendei arames com
um primo que Morava em porto alegre, visitei armarinhos em Santa Rosa e comprei
quilos de miçangas, canutilhos, durepoxi ( muitos brincos usavam durepoxi) e
outras materias primas para o início da produção.
Pois bem, minha primeira grana
digamos assim, veio de fornecer brincos e pulseiras a uma loja que ficava na
Avenida América, logo abaixo da
casa do Coelho ( Claudio Joner). A loja , se não me engano, era do irmão do
Hércules Dal’Prá. Se não me engano também , se chamava Cyro. Uma lojinha que
chegou antes do seu tempo. Vendia lenços, incensos, echarpes e……brincos e
pulseiras. Durante um ano fui um dos fornecedores e ganhei uns pilas. Se não
pagava as contas da casa, ajudava no cinema no Cine Odeon aos domingos. Eu
passava todo tempo que não estava em aula ou treinando na piscine com alicates
na mão, fedendo a brasso ,que era o limpador dos arames , e tentando criar
minhas obras. Um grande ano. Nem sei porque acabou meu “contrato” mas fiquei
mais algum tempo entortando arames e depois parei. A natação passou a ser mais
cansativa e tomar mais tempo.
Isso foi importante na minha
vida pois de uma forma ou outra, até hoje tenho quase a mesma orientação
daquela época. Trabalhar com alguma forma de arte, uma certa insegurança no fim
do mês mas muita alegria de estar fazendo o que quero , quando quero e com as pessoas
que quero.
Vim morar em Porto Alegre em
1986 e a partir de 89 sou músico profissional, fiz engenharia elétrica, me
formei em administração de empresas, tenho um estúdio de gravação que é
referência no estado e já toquei com praticamente todos artistas que gostaria
de tocar quando comecei minha carreira ( Bebeto Alves, Vitor Ramil, Duca
Leindecker, Adriana Deffenti, Glória Oliveira , Marcelo Delacroix e assim vai…)
, além de ter meu próprio grupo, o XQUINAS.
Sou casado com Dona Rosangela
“Zoca” Marostega , uma fonoaudióloga das mais respeitadas do estado, desde 1992
e tenho um filho de 18 anos, atleta olímpico de esgrima do Brasil, o Pedro
Marostega. Talvez essa escolha de meu filho tenha um pouco a ver som fazer
pulseiras e brincos. Seria bem mais fácil ser jogador de futebol.
Estando com esses dois, não
preciso mais nada em minha vida. Considero esse o grande sucesso de minha vida.
No resto sempre se dá jeito…..
Marcelo Corsetti Santos
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Mais uns risquinhos no braço para comemorar nossa parceria e ainda fazer uma previsão otimista !! Confiança total no parceiro Mauricio Aquino para mais um trabalho.